segunda-feira, 26 de julho de 2010

ESTADO DA ORIENTAÇÃO:


Processo psíquico mais complexo. Trata-se de um processo integrativo que envolve os processos cognitivos, afetivos, a memória e a consciência-vigilância. A integridade da orientação revela a identidade dos fenômenos psíquicos mais elementares que nela se integram.


PATOLOGIA DA ORIENTAÇÃO:



Desorientação - é como são denominados genericamente os transtornos a orientação



( ) Global ou generalizada - quando ocorre perturbação de todas as dimensões da orientação

( ) Limitadas - referem-se apenas a aspectos particulares da orientação

Desorientação alopsíquica - é a pertubação ou impossibilidade de uma pessoa situar-se no espaço e/ou no tempo.



( ) Desorientação espacial - quando ocorre apenas perturbação da capacidade de localização no espaço

( ) Desorientação temporal - quando o prejuízo alcança apenas a capacidade e localizar-se no tempo

Desorientação auto psíquica - o paciente tem alterada sua capacidade de estabelecer sua identidade pessoal ou quando sofre perturbação da possibilidade de estabelecer seu status ou papel social - é uma perturbação da consciência da própria identidade e/ou sua interação social

Formas particulares de desorientação auto psíquica:

( ) Perturbação ou ausência da consciência de enfermidade

( ) Perturbações da consciência do EU corporal - manifestam-se por dificuldade ou impossibilidade de ter conhecimento do próprio corpo. Podem ocorrer como um distúrbio do desenvolvimento - será, então, uma desordem motivada por uma organização da imagem corporal. Pode ocorrer, também, como uma perturbação que se instale após o desenvolvimento normal.
Destaque de algumas:
  • Hemiassomatognosia - que é a negação da hemiplegia - o paciente perde a capacidade de tomar conhecimento de um dimídio corporal paralizado
  • Anosognosia - perda da consciência de um segmento corporal - que geralmente está paralizado
  • Assomatognosia - convicção do desaparecimento do próprio corpo - também pode ser chamada de alucinose do corpo completo
  • Membro fantasma - sensação de persistência de um segmento corporal ou membro amputado
  • Falsas transformações corporais - consiste na convicção patológica de aumento (macrognosia) de segmentos do corpo ou do corpo inteiro
  • Micrognosia - convicção patológica de diminuição de segmentos do corpo ou do corpo inteiro
  • Convicção patológica de transformações, de adição, de deformações ou de falta de segmentos do corpo ou do corpo inteiro
  • Falseamento das necessidades corporais - negação da sensibilidade de sensações cenestésicas como fome, sede, cansaço ou de emoções
NOTA: As pertubações da consciência do EU psíquico - transtornos que se manifestam por alterações da atividade e da consciência da identidade do EU

( ) - Pertubações da consciência do EU psíquico - transtornosque se manifestam por alterações da atividade e da consciência da identidade do EU

PRINCIPAIS PERTUBAÇÕES DO EU PSÍQUICO:
  • Hipodesenvolvimento da consciência da identidade do EU - um atraso ou insuficiente desenvolvimento da consciência da própria identidade individual e pessoal - como acontece na oligofrenia
  • Despersonalização - sentimentos de estranheza ou de desconhecimento do próprio EU - na maioria dos casos estes sentimentos de estranheza se inicia relacionado com os fatos e temas exteriores, avançando até atingir a consciência de identidade do paciente
  • Desdobramento da personalidade - que é manifestada pela situação clínica na qual o paciente se apresenta como se possuisse duas ou mais identidades que se alternam
  • Despossessão - consiste na identificação das próprias ex-experiências internas como se fossem alheias - o paciente não reconhece como seus alguns ou todos os conteúdos psíquicos (desejos, emoções, sentimentos, idéias)
( ) Pertubações da consciência do EU social (consciência de nós):
  • Desrealização - reflete um transtorno desta capacidade integrativa imediata do meio circundante - consiste em sentimentos que transitam desde uma falta de familiaridade, extranheza ou desconhecimento do mundo circundante habitual do paciente
DISTURBIOS DO PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO:
  1. Transtornos do desenvolvimento da socialização
  2. Transtornos adquiridos que manifestam regressão do processo de socialização
CLASSIFICAÇÃO DAS DESORIENTAÇÕES SEGUNDO A PERTUBAÇÃO ELEMENTAR CAUSAL IMEDIATA:


DESORIENTAÇÃO APÁTICA

decorre da falta de interesse, da inibição afetiva, da frieza afetiva ou da carência de energia psíquica


DESORENTAÇÃO AMNÉSICA

Causada por alteração básica da memória. A desorientação decorre da dificuldade ou da impossibilidade de fixar, evocar ou recconhecer


DESORIENTAÇÃO CONFUSIONAL
Resulta na turvação da consciência e confusão mental - O rebaixamento do nível de vigilância promove a dificuldade e compreensão da situação e perturba a síntese perceptiva



DESORIENTAÇÃO DELIRANTE


Causadas pelos juízos falsos, patológicos, nos quais o paciente deposita uma convicção irremovível e inabalável

( ) Desorientação alucinatória delirante - quando se manifesta como decorrência de quadros delirantes com alucinações

FORMAS PARTICULARES:

  • Dupla orientação - quando o paciente acredita estar simultaneamente em dois lugares - ser duas pessoas ao mesmo tempo
  • Despersonalização - resultante do humor delirante
  • Erros delirantes de identidade, de genealogia, e muitas outras


DESORIENTAÇÃO HISTRIÔNICA


A desorientação que compõe um quadro histérico - Nesta forma destaca-se o desdobramento da personalidade, erros de identidade, de localização no tempo, no espaço ou no meio sociaL



DESORIENTAÇÃO OLIGOFRÊNICA


Quadros nos quais a desorientação decorre de uma dificuldade ou impossibilidade de aprender ou compreener causada por um deficit intelectual


BIBLIOGRAFIA:

  1. KERBIKOV, O. e colaboradores - "Psychiatrie" - Ed. Mir -Moscou - 1976.
  2. LEMES LOPES, J. - "Delírio" - Ed. Atheneu - Rio - 1982.
  3. MILLON, T. - "Psicopatologia Moderna" - Ed. Salvat - Barcelona - 1976.
  4. MONEDERO, C. - "Psicopatologia General" - Ed. Biblioteca Nova - Madri - 1973.
  5. MONEDERO, C. - "Psicologia evolutiva y sus manifestaciones Psicopatológicas" - Ed. Biblioteca Nova - Madri - 1976.
  6. NÁGERA, V. - "Propedéutica Clínica Psiquiátrica" - Ed. Salvat - barcelona - 1952.
  7. NOBRE DE MELO, A. L. - "Psiquiatria" - Ed. Civilização Brasileira - 1979.
  8. OLIVENNES, A. -"Delírio e Realidade" - Ed. Civilização Brasileira - Rio - 1975.
  9. PAIM, I. - "Fenomenologia a Atividade Representativa" - Ed. Grijalbo - São Paulo.
  10. PORTELA NUNES, E. - "Obsessão e Delírio: neurose e Psicose" - Ed. Imago - Rio - 1976.
  11. REICHARDT, M. - "Psiquiatria General y Especial" - Ed. Gredos - Madri -1958.
  12. REY ARDID, R. - "Psicologia Médica" - Ed. Expraxs - Barcelona - 1974.
  13. RUIZ OGARA, C. e colaboradores - "Manual de Psicologia Médica y Psicopatologia" - Ed. Toray - Barcelona - 1976.
  14. SARASON, I. G. - "Psicologia Anormal" - Ed. Trilhas - México DF - 1978.
  15. SCHLOBIES, M. - "Manual de Diagnóstico Diferencial em Psiquiatria" - Ed. Manole - São Paulo - 1978.
  16. SCHINEIDER, K. - "Problemas de Patopsicologia y de Psiquiatria Clínica" - Ed. Paz Montalvo - Madri 1947.
  17. SCHINEIDER, K. - "Psicopatologia Clínica" - Ed. Mestre Jou - São Paulo - 1978.
  18. VAN LAERE, J. E. - "Elementos de Psiquiatria" - Ed. Troquel - Buenos Aires - 1964.
  19. WITBRECHT, H. J. "Manual de Psiqiatria" - Ed. Gredos - Madri - 1970.

ESTADO DA MEMÓRIA:



É o recurso psicológico que garante a interação de cada momento da consciência - é o elo temporal da vida psíquica, reflete o passado no presente - permite a perspectiva do futuro


PATOLOGIA DA MEMÓRIA:


  • Disfunções da FIXAÇÃO e da EVOCAÇÃO
Dismnésia - é a designação geral das perturbações da fixação e/ou evocação



Hipermnésia - exagero patológico da evocação - o indivíduo se recorda de fatos com detalhes e minúcias que escapam às pessoas normais


Hipertrofia da memória - exagero da fixação - não é patológico - encontrado em débeis mentais superiores, como instrumento compensador do deficit intelectual


Hipomnésia - debilitação mórbida da memória - Quando se refere à pertubação da fixação é dita hipomnésia anterógrada - quando diz respeito ao enfraquecimento da evocação, é denominada hipomnésia retrógrada - a hipomnésia é chamada retroanterógrada quando se refere à fixação e à evocação

Amnésia - é a abolição da memória - também pode se denominar anterógrada, retrógrada ou retroanterógrada, como as hipomnésias, conforme digam respeito a fatos ocorridos depois, antes, ou antes e após a causa da enfermidade.

CLASSIFICAÇÃO:

( ) - Amnésias sistematizadas - referem-se a fatos relacionados entre si - números, nomes próprios, tudo o que se relacione com determinada pessoa ou experiência

( ) - Amnésias gerais - referem-se a todas as experiências indistintamente

( ) - Amnésias particulares - referem-se a uma determinada vivência em particular


  • Disfunções do RECONHECIMENTO:

Agnosias - transtornos do reconhecimento da imagem de objetos sem que hajam defeitos sensoriais, perturbações de consciência, alterações intelectuais quando o objeto é familiar ao paciente

CLASSIFICAÇÃO:

( ) - Agnosias visuais - agnosias para os objetos e imagens:

  1. Simultagnosia - impossibilidade de reconhecer a totalidade da figura, embora permaneça a possibilidade de reconhecer suas partes
  2. Agnosia para símbolos
  3. Agnosia para cores
  4. Prosopagnosia - incapacidade de reconhecer fisionomia
  5. Agnosias espaciais - ignorância do hemiespaço, notadamente o esquerdo - perda da capacidade de localização anatômica
( ) - Agnosias tácteis - transtornos do reconhecimento táctil sem que haja alterações sensoriais. Distinguem-se:

  1. Amorfognosia - impossibilidade de distinguir a forma
  2. Ahilognosia - impossibilidade de distinguir a textura
  3. Assimbolia táctil - dificuldade ou impossibilidade de distinguir o objeto, mantendo-se integra a possibilidade de reconhecer suas qualidades (forma, textura, tamanho e temperatura)
( ) - Agnosias corporais - assomatognosias - é a dificuldade ou impossibilidade de reconhecer o esquema corporal

( ) - Agnosias auditivas - quando o indivíduo é sensivel aos estímulos auditivos, mas não os identifica

( ) - Agnosia olfatória e gustativa - dificuldade ou impossibilidade de discriminar os sabores e odores, sem perturbação sensorial


Paramnésias - disfunções do reconhecimento, nas quais o indivíduo reconhece como lembranças, situações e ideias originais - o déja vu é uma manifestação incipiente de paramnésia

Ecmnésia - incapacidade de perceber os engramas como recordações - o paciente confunde suas reminiscências com a experiência atual e suas recordações são interpretadas como ideias originais

Ilusões mnêmicas - é uma falha do reconhecimento pela qual o paciente tem suas lembranças deformadas em relação à experiência vivida


NOTAS IMPORTANTES:

  1. Uma verificação sumária do estado de memória tanto de fatos recentes (o estado de fixação) como para fatos remotos (a evocação) se faz do decorrer da entrevista, quando do interrogatório acerca dos antecedentes
  2. Uma fixação imediata pode ser pesquisada, pedindo-se ao paciente que repita, em ordem direta e inversa, séries numéricas de três a seis algarismos. Nesta prova importa que entre os dígitos não haja correlação lógica e que os mesmos sejam enunciados lentamente com igual tonalidade de voz, mantendo-se um intervalo constante de dois a três segundos entre cada algarismo
  3. Caso o paciente seja bem sucedido na prova anterior, pede-se-lhe que repita frases curtas ou séries de seis palavras que não formem frases

BIBLIOGRAFIA:
  1. SMIRNOV, A.A. e colaboradores - "Psicologia" - Ed. Grijalbo - México, DF -1960.
  2. ALEXANDER, F - "Fundamentos da Psicanálise" - Ed. Zahar - Rio - 1965.
  3. BASSIN, F.V. - "El problema del inconsciente" - Ed.Granica - Buenos Aires - 1972.
  4. CORDILLA, R. - "Manual de Psicologia Fisiológica" - Ed. Trillas - México, DF - 1973.
  5. EY, H. (organizador) - "El Inconsciente (Colóquio de Benneval)" - Ed. Siglo Veintiuno - México, DF - 1970.
  6. EYSENCK, H.J. - "Fundamentos Biológico de la Personalidad" - Ed. Fontanella - Barcelona - 1970.
  7. FISHGOLD,H. e DREYERFUS-BRISSAC. C - "Como interpretar un Eletroencefalograma" - Ed. Daimon - Madri - 1963.
  8. FISCHER, E. e colaboradores - "Introducción a la Psiquiatria Biológica" - Ed. Paidos - Buenos Aires - 1974.
  9. GEEN, A., LAPLANCHE, J., LECLAIRE, S. e PONTALIS, J.B. - "El Inconsciente Freudiano y el Psicoanálisis Francés Contemporâneo" - Ed. Nueva Visión - Buenos Aires - 1976.
  10. ELLENBERGER, H.F. - "El Descubrimiento del Inconsciente" - Ed. Gredos -Madri - 1976.
  11. GREGG, V. - "Memória Humana" - Ed. Zahar - Rio - 1976.
  12. GUTTMANN, G - "Introduction a la Neuropsicologia" - Ed. Herder - Barcelona - 1976.
  13. LURIA, A.R. - "Curso de Psicologia geral" - Ed. Civilização Brasileira - Rio - 1979.
  14. MORGAN, T.C. - "Psicologia Fisiológica" - Ed. del Castillo - Madri - 1968.
  15. ROY JOHN, E. - "Mecanismos de la Memória" - Ed. Trillas - México,DF - 1977.
  16. SHOROJOVA, E.V. - "Fundamentos Fisiológicos de la Consciencia" - Ed. Grijalbo - México,DF - 1979.






ESTADO DA CONSCIÊNCIA:


OBSERVAÇÕES INICIAIS:


Consciência:


Capacidade de o indivíduo se dar conta do que está ocorrendo dentro e ao redor de si, ao alcance do seu sensório. É justamente neste sentido processo psíquico integrador de todos os demais, que a consciência é estruturada neste exame. A consciência é estudada neste exame. A consciência-vigilância.

Consciência:

É um processo psíquico que integra em uma imagem unitária todo o conteúdo psicológico de um instante


Lucidez de consciência:

Grau de maior ou menor clareza da imagem subjetiva


Identificação do grau fisiológico de dissolução e de lucidez de consciência (da vigília extrema ao sono profundo):

  • Nível de extrema vigilância dos grandes estados emocionais: a atenção está excitável, com predomínio da atenção automática. A conduta resulta pouco eficaz. O E.E.G mostra um traçado rápido, dissincronizado, de média e baixa amplitude
  • Nível de vigilância atenta:a atenção é submetida ao controle voluntário, seletiva e flexível, capaz de ser concentrada ou difusa. O comportamento denota seu grau de maior eficiência. O E.E.G registra um traçado rápido de cerca de 12 c/seg parcialmente sincronizado e de baixa amplitude
  • Devaneio ou consciência relaxada: a atenção está flutuante, predominando a atenção automática e o pensamento vagueia ao sabor das associações livres. o E.E.G revela um traçado sincronizado de média amplitude, com uma frequência em torno de 10c/seg (ritmo alfa)
  • Sonolência ou estado hipnalógico (ao adormecer) e hipnopômpico (ao despertar): os estímulos do exterior chegam atenuados e amortecidos. São frequentes as ilusões. O pensamento flutua livre e é comum que comecem a se manifestar ideias sob a forma de imagens oníricas, quase sempre visuais, mas também auditivas. O E.E.G evidencia a diminuição das ondas alfa e a aparição ocasional de ondas lentas
  • Nível de sonho superficial: os estímulos exteriores praticamente não chegam a consciência que está tomada pelo pensamento onírico (os sonhos). Nesta fase o E.E.G mostra o desaparecimento do rítmo alfa e o surgimento de ondas fusiformes. O indivíduo pode ser despertado com estímulos relativamente discretos.
  • Perda completa da percepção dos estímulos exteriores: não há evidência de atividade onírica neste estágio. O E.E.G apresenta um traçado de ondas lentas de cerca de 4 c/seg (delta). Para ser despertado o indivíduo exige estímulos muito mais intensos que os suficientes na fase anterior

OBSERVAÇÕES:
  1. Sonho: é a forma de o pensamento de manifestar durante o sono. Por isso é denominado pensamento onírico
  2. Durante o sonho: o pensamento liberta-se das referências ambientais que o dirigem e regulam. Os impulsos instintivos e as formas mais primitivas das manifestações afetivas passam a assumir, em direção e intensidade, o controle do pensamento

PATOLOGIA DA CONSCIÊNCIA-VIGILÃNCIA:



Rebaixamento patológico do nível da consciência-vigilância: estado de obscurecimento, de perda de claridade da consciência-vígil em função de uma condição mórbida. As informações sensoriais chegam amortecidas ou não chegam à consciência. A integração perceptiva está perturbada bem como os níveis mais amplos e complexos da integração psíquica

GRAU DE VARIAÇÃO DE INTENSIDADE:

( ) Estado de obnubilação: o paciente permanece desperto, embora possa parecer dormitar ou mostrar-se muito sonolento; ocorre acentuada inibição (ou descontrole) da psicomotricidade; rebaixamento do rendimento psíquico; o pensamento pode apresentar diversos graus de confusão e o paciente pode aparentar perplexidade

( ) Sopor - estado que se poderia definir como sono patológico análogo ao sono superficial; nele ocorre perda da consciência, mas o paciente pode ser despertado por estímulo energicos, sobretudo de natureza dolorosa; a psicomotricidade encontra-se mais inibida que nos estados de obnubilação e o traçado do E.E.G tende a acusar o aparecimento de ondas delta

( ) Estado de coma - descenso completo da consciência e o desaparecimento total da atividade motora; o paciente não é passível de ser despertado nem por estímulo dolorosos muito intensos e o traçado do E.E.G tende para a linha isoelétrica


Estreitamento da consciência-vigilância: redução acentuada do campo da consciência, quando a consciência fica aderida a um número reduzido de imagens de objetos, fenômenos ou ideias


Disssociação da consciência - esta expressão designa a fragmentação da unidade psíquica. Constitui-se uma perturbação do nível mais amplo de integração da atividade nervosa.


NOTA IMPORTANTE:

As perturbações da consciência-vigilância se revestem de um significado muito importante para o diagnóstico de numerosas e grandes ocorrências patológicas que configuram situações de emergência médica. Sempre que forem percebidas, o paciente deverá ser considerado do ponto de vista somático e neurológico, mesmo que apresente antecedentes histéricos ou epiléticos

BIBLIOGRAFIA:

  1. PAVLOV, I. - "El Sueño y la Hipnosis" - Ed. Martinez de Murgia - Buenos Aires - 1959.
  2. PSICOBIOLOGIA - "As bases Biológicas do Comportamento" - Ed. Polígono/Ed. USP - São Paulo - 1970.
  3. SPIRIKIN, A. - "El Origen de la Consciencia Humana" - Ed. Platina/Stilcograf - Buenos Aires - 1965.
  4. VASILIEV, L. L. - "Os Misteriosos fenômenos da Psique Humana" - Ed. Paz e Terra - Rio - 1970.

ESTADO DA MOTRICIDADE:


A motricidade humana deriva-se da motricidade dos seres mais primitivos e corresponde a necessidade do organismo promover a satisfação de suas necessidades. Todo movimento humano objetiva a satisfação de uma nescessidade consciente ou inconsciente.

PATOLOGIAS DA MOTRICIDADE:

Os sintomas que revelam alterações patológicas elementares da psicomotricidade podem ser divididos em quatro grupos:

  1. Alterações do impulso volitivo
  2. Alterações inespecíficas da motricidade
  3. Alterações da motórica de execução
  4. alteração da motórica de expressão

PATOLOGIA DO IMPULSO VOLITIVO

O radical bulia refere-se ao impulso volitivo

Hipobulia - Enfraquecimento patológico do impulso. Manifesta-se na dificuldade do exercício da atividade volitiva, principalmente em transformar as decisões em ações

( ) Abulia - Estágio mais acentuado da hipobulia - é a abolição da vontade - completa incapacidade do paciente de agir de modo próprio


Hiperbulia - Exaltação patológica do impulso volitivo

ATENÇÃO! O aumento da força de vontade não deve ser considerado como patológico. A hiperbulia como fenômeno psicopatológico é assim considerada quando um esforço voluntário é exercitado de modo inadequado ou socialmente danoso



ALTERAÇÕES INESPECÍFICAS DA MOTRICIDADE:

Utiliza-se a expressão cinesia para designar os movimentos em geral. Incluem-se aqui as alterações mais primitivas da motricidade referidas no exame neurológico e as alterações das condutas instintivas

Hipercinesia - excitação ou agitação psicomotora - Exaltação patológica da motricidade voluntária voluntária e involuntária

GRAUS DE INTENSIDADE:
( ) Inquietação ou inquietude - predomina o desassossego, a movimentação incontida mais ainda controlada
( ) Agitação - caracteriza-se por movimentação intensa e incontrolada, sempre mais ou menos desordenada e que pode ter duração muito variável
( ) Furor - é o grau de maior intensidade dos quadros de hipercinesia

  • Crise ou acesso - ocorre como fenômeno episódico de curta duração - Observação: não confundir com hiperpraxia - ou hiperatividade - que se refere a exagero da motórica voluntária de execução ou de expansão e está sempre intimamente vinculado à realidade
  • Estado de inquietude, agitação ou furor - quando ocorre como manifestação mais duradoura
  • Taquicinesia e taquipraxia - formas menores de inquietação sem que estejam presentes outros sintomas indicadores de exaltação da atividade psíquica
  • Instabilidade psicomotora - nos casos de síndrome hipercinética - assim é chamada a hipercinesia - nesta condição , está comumente associada a outros sintomas como distraibilidade, dispraxia, ataxia

Hipocinesia - Também chamada bradicinesia ou inibição psicomotora - designa a diminuição acentuada e generalizada dos movimentos




Hipropraxia - Diminuição patológica dos movimentos voluntários





Bradispraxia - Lentificação anômala da motórica intencional





Acinesia - Abolição generalizada dos movimentos - também pode ser chamada de estupor




PATOLOGIA DA MOTÓRICA DE EXPANSÃO E DE CONSTRUÇÃO:


Parapraxia - Corresponde à execução de um outro ato no lugar daquele que se pretende - A dimensão práxica do ato falho




OBSERVAÇÃO:
  1. Não confundir parapraxia com paracinesia - não são palavras sinônimas. As paracinesias, incluindo as alocinesias (executar um movimento com o membro, quando se pretendia fazê-lo com o oposto) se refere a atos automáticos e são, como apraxias, alterações tipicamente neurológicas.
  2. Não confundir apragmatismo com apraxia (mesma etmologia), a primeira tem significação semântica mais extensa e se refere a dificuldade ou incapacidade da pessoa assumir os valores socialmente aceitos e se refere à .

Inibição ou recaucamento da conduta - Distingue-se da hipobulia e da bradicinesia porque o paciente exerce um esforço exagerado de controle sobre sua motórica ou sente como se este controle estivesse sendo exercido de fora sobre ele.



Desinibição ou libertação da conduta - deficiência da capacidade de controlar e/ou modular as ações e gestos, resultando uma conduta inadequada e inábil.




Interceptação motora - Assemelha-se à inibição motora. O paciente vem apresentando sua motricidade normal e, em um momento, sente como se algo o impedisse de continuar a agir. está relacionado com o sintoma de bloqueio ou interceptação do pensamento.


Impulsão - Resulta nos atos impulsivos - consiste essencialmente no ato praticado sem reflexão. Nos atos irrefletidos a conduta resulta da decisão e ação súbita e incoercível - não são precedidos da deliberação que antecede o ato voluntário e escapam à possibilidade de controle voluntário. São, frequentemente, atos desprovidos de finalidade consciente ou manifesta. Os atos impulsivos podem se manifestar de forma episódica ou sistemática.

Resultam em:
  • Agressões
  • Quebra de objetos
  • Condutas suicidas
  • Furtos desnecessários - cleptomania
  • Impulsos irresistíveis para se embriagar - dipsomania
  • Fugas - dronomania
  • Atear fogo
  • Outros

Compulsão - Como manifestação psicopatológica, a compulsão é o oposto da inibição motora. O paciente executa certos atos involuntáriamente ou sente-se compelido a executá-los, embora reconheça a compulsão como fenômeno originado em sua própria personalidade.


ATOS COMPULSIVOS:

  • Simples:
( ) Acatisia - impossibilidade de permanecer sentado

( ) Abasia - impossibilidade de manter-se de pé

( ) Ananastasia - impossibilidade de levantar-se

  • Complexos:
( ) Rituais compulsivos - Ex: andar 5 passos para frente, dois para trás, abaixar-se e tocar o chão com a mão direita


Automatismos - São movimentos simples ou bastante complicados, de duração muito variável, realizados pelo paciente de forma automática, involuntária e sem que deles se recorde após tê-los executado.



Perseveração motora - Quando o paciente manifesta a tendência a repetir continuamente um ato depois de executá-lo adequadamente. É a dimensaõ motora da perseveração afetiva e ideativa.



Ambitendência - Correspondente volitiva da ambivalência afetiva e da discordância do pensamento - A motórica do paciente resulta dificultada pelo fato de coexistirem impulsos volitivos opostos.

ATENÇÃO!

  • Condição normal: Ocorre sempre que dois motivos opostos se evidenciam ou quando se estabelece um conflito significativo com relação à eleição dos meios para agir.

  • Manifestações patológicas: Ocorre em neuroses (sempre de forma atípica, sendo mais expressão de apatia ou abulia) - é típica da esquizofrenia catatônica.

Astenia - Cansaço patológico, fatigabilidade fácil, indolência mórbida.





Volubilidade motora - É o sintoma oposto à perseveração. As apraxias resultam discordantes pela inconstância de sua motivação. A todo momento o paciente muda o impulso volitivo que embasa a ação - caracteriza a falta de tenacidade da vontade.



Puerilidade motórica - Quando o paciente apresenta uma postura de base ou movimentos corporais infantis ou dando uma impressão de jovialidade postiça.




Trejeitos - Quando o paciente adota uma atitude corporal ou movimentos ridículos, desgraciosos ou simiescos sem que haja qualquer justificativa orgânica.




Sintomas catatônicos - Assim chamados porque compõem a base da sindrome catatônica da esquizofrenia:

  • Negativismo - Tendência manifesta pelo paciente a ignorar ou reagir contra toda solitação que lhe dirija ou espere dele:
( ) Negativismo ativo - quando o paciente faz exatamente o oposto do que lhe pede
( ) Negativismo passivo - quando fica indiferente a toda ordem, pedido ou sugestão
( ) Estupor negativista - quando o negativismo passivo assume proporções extremas


Sugestbilidade volitiva - É sintoma oposto ao negativismo. O paciente apresenta grande dificuldade ou impossibilidade de deixar de atender a qualquer solicitação vinda do exterior.



Formas:

  1. Flexibilidade cérea -revala-se na extrema plasticidade da musculatura do paciente à movimentação passiva.
  2. Catalepsia - manutenção prolongada de atitudes - aqui ocorre frequentemente uma dissociação entre a motórica automática e a voluntária - incapacitado de mover-se voluntariamente, o paciente conserva a capacidade de manter-se em equilíbrio
  3. Atos em eco:
  • Ecopraxia - tendência a repetir os gestos e movimentos intencionais do interlocutor:
Observação: A ecopraxia é a dimensão práxica da ecomimia e da ecolalia.

( ) Obediência automática - total incapacidade do paciente desobedecer a qualquer ordem ou sugestão que lhe seja dirigida.

( ) Extereotipias motoras e de atitudes - consiste na repetição muito frequente e imotivada de movimentos, atos ou atitudes posturais - tais interações constantes e imotivadas podem ocorrer na linguagem oral e são denominadas estereotipias verbais ou verbigeração - as estereotipias motoras podem constar de um único gesto, denominadas então de monotipias.

( ) Maneirismos - atitudes e movimentos afetados e extravagantes.



( ) Maneirismos - atitudes e movimentos afetados e extravagantes.



A EXPRESSÃO E A LINGUAGEM:


Patologia da mímica:

Alterações mórbidas da mímica que tem interesse psiquiátrico. A importância semiológica da mímica reside no fato de que a atitude e movimentos da face refletem as alterações psíquicas transitórias ou prolongadas.


Paramímia - Refere-se à discordância entre a expressão facial e a linguagem, em relação ao estado afetivo do paciente.




Automatismos mímicos - Movimentos faciais epléticos que ocorrem nas convulsões localizadas - movimentos oculogíricos, crises mastigatórias -, e psicoses.




Tiques - Movimentos involuntários, bruscos, súbitos e rápidos que se repetem sempre da mesma forma, atingindo a um músculo ou a um grupo de músculos com ligação funcional, caracterizando-se como a automatização de movimentos úteis, de expressão ou de defesa. Podem ocorrer em todos os grupos musculares do corpo, embora sejam mais comuns na face. Pode a ser a muito custo, contidos por algum tempo por quem os apresenta. Tem orígem psicógena. Distingue-se dos automatismos por serem conscientes.

Mímica compulsiva - A compulsão mímica é a dimensão, na expressão facial, do ato compulsivo. O paciente se sente obrigado, ou não pode deixar de executar, sem grande esforço, determinados movimentos faciais. Pode ser simples, como piscar uma pápebra ou muito mais complexo, compondo o ritual compulsivo.


Ecomimia - Repetição, como em um espelho, das modificações fisionômicas do interlocutor. É o equivalente facial da ecopraxia e da ecolalia - portanto um sintoma catatônico.



Mímica pueril - A puerilidade mímica é a expressão fisionômica infantil em pacientes adultos.




Maneirismos mímicos - O paciente força uma expressão fisonômica afetada e extravagante.




Neomímia - Representa na mímica o mesmo que o neologismo na linguagem. O paciente assume atitudes e executa movimentos fisionômicos em desacordo com o consenso social de significado daquela expressão.



Patomímia - Alterações intencionalmente forçadas da mímica, pretendendo apresentar doença mental, executada para simular enfermidade.




Hipermimia - Consiste no exagero da aplitude dos movimentos fisionômicos - exaltação patológica da mímica.




Taquimimia - Movimentação excessivamente alterada e rápida dos traços da fisionomia - exaltação patológica da mímica.





Hipomimia - Progressivo apagamento da motórica facial intencional - diminuição patológica em amplitude e velocidade da mímica.




Amimia - Abolição ou apagamento da mímica.





PATOLOGIA DA LINGUAGEM FALADA:

Ponto culminante dos processos psíquicos. A linguagem é o ponto mais elevado da consciência humana e, ao mesmo tempo, uma de suas premissas mais importantes. Todo o pensamento tem uma imagem verbal que lhe é correspondente. Não existe e nem pode existir pensamento sem palavras. A palavra é premissa e resultado da conduta inteligente. O fato de os pensamentos (e não as representações, em seu significado mais amplo) serem necesáriamente formados por palavras, dificulta a delimitação entre a patologia da linguagem e a do pensamento.

As patologias da linguagem arroladas neste teste estarão preocupando-se mais da forma do que o conteúdo. Desde já foi assinalado, cuidou-seno exame das patologias de pensamento.



Alterações da linguagem falada devidas a causas predominentemente orgânicas:

Disartria - Dificuldade de articular as palavras, em razão de paresia, paralisia ou ataxia dos músculos da fonação. É mais evidente nas consoantes e dentais.




Anartria - Estágio final da disartria - consiste na impossibilidade completa de articular as palavras.




Observação!
Na investigação da disartria podem ser utilizadas palavras de prova, nas quais as consoantes labiais e dentais sejam bem marcadas. Pede-se ao paciente que repita frases como: "tambor molhado, terceiro batalhão de artilharia".


Disfasia - Pertubações da linguagem causadas por lesões centrais que determinam a dificultação ou perda da capacidade de compreender o significado das palavras e/ou a incapacidade de se utilizar dos símbolos verbais.



Afasia - É o ponto mais intenso da disfasia. Incapacidade total de compreender e/ou utilizar os símbolos verbais.




Classificação histórica da afasia:

  • Afasia sensorial - afasia nominal ou afasia de Wernecke - é uma afasia de compreensão; de entender os símbolos verbais, sejam falados, sejam escritos. A rigor, trata-se de uma agnosia nominal, uma assimbolia. O paciente não é capaz de produzir uma linguagem inteligível porque não pode compreender os significados dos signos verbais. Pode articular e emitir as palavras, mas a fala resulta incompreensível.

  • Afasia motora pura - O doente não fala porque perdeu o controle sobre o mecanismo cerebral responsável pela linguagem oral. A rigor é uma anartria, um déficit meramente motor. A anartria apresenta um único sintoma: o doente não pode se expressar pela palavra falada. Pode entender o que se lhe fala, pode ler e escrever; perdeu o controle da musculatura da fonação.
NOTA: Talvez não se devesse capitular este sintoma como afasia, senão pelo costume de fazê-lo.

  • Afasia mista ou afasia de broca - Quando todas as modalidades de linguagem são afetadas; o paciente não é capaz de articular ou compreender as palavras, não pode ler ou e escrever. Reúne em um único quadro a anartria e a afasia nominal; traduz uma patologia ao mesmo tempo de compreensão e de expressão.

Disfonia - Defeito da fala que resulta em alteração da sonoridade das palavras, causado por pertubação do aparelho fonador ou por defeito da respiração durante a fala.



Nota:
Aqui a causa não é central como as disfasias. As disfonias têm origem em uma alteração extracerebral que interfere no trânsito aéreo deformando a harmonia sonora dos vocábulos. Defeitos ou afecções da cordoalha e respiração imperfeita são causas usuais da disfonia.


Formas das disfonias:
  1. Afonia - Incapacidade de emitir sons vocais determinada por alteração transitória ou permanente das cordas vocais.
  2. Barifonia - Os fonemas resultam mais graves, a voz soa cavernosa.
  3. Gutofonia - Distorção da sonoridade da voz que soa desagradável, gutural, produzida pela garganta.
  4. Hipofonia - Defeito sonoro da linguagem oral que se exterioriza como um cochicho, voz sussurrada.
  5. Idiofonia -A voz soa com timbre infantil
  6. Megafonia - Elevação exagerada e involuntária da voz; voz agitada.
  7. Metalofonia - Timbre metálico.
  8. Microfonia - Intensidade anormalmente pequena da voz.
  9. Parafonia - Quando a linguagem está contaminada por sons parasitas.
  10. Pneumofonia - A voz soa entrecortada, suspirada.
  11. Rinofonia - Voz nasalada.
  12. Tanifonia - Voz aguda, eunucóide.
  13. Tromofonia - Voz trêmula.

Nota importante!

É possivel que certas disfonias possam ser produzidas por estados emocionais ou condições psicógenas. Neste grupo estão as modificações de sonoridade da voz dos estados de angústia e dos estados depressivos (voz embargada, nasalada); outras modificações psicogênicas da sonoridade da voz podem ocorrer nos grandes estados emocionais de susto, de medo, de surpresa (voz bitonal, voz de falsete).


Dislalia - A linguagem resulta defeituosa sem que haja lesão central que a justifique, podendo haver ou não lesão periférica demonstrável. A dislalia é dita orgânica quando resulta de lesão periférica (má formação ou inervação defeituosa da língua, do palato ou qualquer órgão da fonação). Quando não se pode demonstrar qualquer lesão, a dislalia é denominada funcional. As dislalias funcionais são na maior parte de orígem psicógena, resultantes de pertubação do funcionamento psíquico ou adquiridas por imitação:


Nota:
As dislalias estão situadas conceitualmente entre as perturbações orgânicas e as psíquicas da linguagem oral.

Formas de dislalias:
  • Alalia - Ausência da fala devido à paralisia ou defeito dos órgãos vocais, surdez, doença do aparelho fonador, disfunção fisiológica ou retardamento do discurso.
  • Bradilalia - É um grau menor de alalia representada por lentificação patológica da fala.
  • Agitolalia ou taquilalia - Fala muito rápida, ressultado da omissão ou deformação dos fonemas.
  • Barbaralalia - A fala resulta como a de um estrangeiro falando com sotaque carregado; equivocando-se na acentuação, no uso inabiatual de certas inflexões e na acentuação equivocadadas sílabas.
  • Idiolalia - Linguagem prejudicada pelo uso inadequado das palavras por desconhecimento de seus significados; linguagem infantil dos deficientes.
  • Paralalia - Dificuldade ou incapacidade para pronunciar certos fonemas. Denomina-se blesidade à substituição de uma consoante branda por outra forte: T por D, S por Z; Sigmaticismo, dificuldade de pronunciar o fonema S; rotacismo, dificuldade de pronunciar o fonema R; gamaticismo, dificuldade ou impossibilidade de pronunciar os fonemas G, C e Q e sua substituição por T; Lambdacismo, dificuldade de pronunciar o fonema L.
  • Uraniscolalia - Linguagem dificuldada ou perturbada pela presença de goela de lobo ou lábio liporino.
Perturbações da linguagem falada devidas a causas predominantementes psíquicas:

Disfemia - Alteração da linguagem falada, sem lesão ou disfunção orgânica demonstrável ou doença mental manifesta, determinadas por causas pisicógenas. A emissão imperfeita dos fonemas ou a perturbação do rítmo da linguagem resultam do estado emocional do paciente.


Formas de disfemias:

  1. Afemia - O paciente conserva íntegra a capacidade de falar, contudo não pode pronunciar as palavras em razão do seu estado emocional.
  2. Espasmofemia - Também chamada tardamudez, gagueira ou disritimia da fala; a linguagem resulta hesitante, espasmódica com a repetição intermitente de um fonema parasita.
  3. Parafemia - Fala balbuciada, trôpega, na qual são trocadas equivocadamente sílabas e palavras em razão do estado emocional do paciente.
  4. Taquifemia - Rapidez e volubilidade da linguagem oral determinadas por estados pisicógenos.

Mutismo - Reúne os significados da afemia e alalia, também pode ser chamada por alogia. É a incapacidade de falar em razão de um estado afetivo ou de outra perturbação psíquica, sem que haja disfunção dos órgãos da fala.


Nota: Mutismo não é mudez. A mudez tem sempre causa orgânica (afasia, anartria, audio-mudez, surdo-mudez). O mutismo ocorre como alteração do estado psíquico, sem lesão ou disfunção orgânica.


Logorréia - Fluxo incessante e incoercível de palavras. Quando se compromete significativamente a coesão logica da produção verbal, denomina-se fuga de idéias. Pode traduzir taquilalia ou taquifrenia. Ocorre fuga de idéias sempre que a velocidade do fluxo do pensamento (taquipsiquismo) ultrapassa as possibilidades de expressão verbal.

Mussitação - Voz murmurada em tom baixo, monocórdico, monótono e de significado quase sempre repetitivo, no qual o paciente mal movimenta os lábios.



Ecolalia - Repetição automática das palavras do interlocutor. Corresponde na linguagem falada à ecopraxia e ecomimia que são expressões de sugestibilidade volitiva. Com os demais atos em eco, é o sintoma catatônico.



Verbigeração - Repetição interativa de sílabas, palavras ou frases, de forma monótona e inadequada - também é um sintoma catatônico e pode ser chamada de esterotipia verbal.



Automatismo verbal - Emissão de sons, palvras ou frases, sem a interferência da vontade e com amnésia lacunar posterior.




Perseveração verbal - Tendência a repetir imotivadamente um fonema, palavra ou frase após tê-lo pronunciado adequadamente no discurso.




Lapso verbal - Emissão de outra palavra no lugar daquela que se pretendia pronunciar - ocorre em presença de humor eutímico e consciência lúcida, o que o distingue da parafrenia (por alteraação afetiva) e as disfasias epiléticas.



Coprolalia - Uso habitual de uma linguagem de forma obscena e grosseira. Pode acontecer em pessoas normais sobretudo em indivíduos marginalizados, tímidos buscando compreensão ou adolescentes carentes de afirmação e ansiosos por independência.


Neologismo - Formação de uma palavra nova, utilizada no lugar da normalmente empregada com aquele significado. Traduz na linguagem um distúrbio da capacidade conceitual: fusão ou dissolução do conceito.



Nota:
Chama-se de paralogismo quando existe uma relação próxima entre a locução utilizada e o significado pretendido.


Parafrasia ou parafasia - Consiste em inserir em uma frase bem construida, uma ou mais palavras sem significado harmônico com as demais.




Parapragmatismo - Utilizaçãodas palavras com sua forma e significados corretos sem que, contudo, formem sentido entre si. A frase resulta incompreensível, absusrda. Exterioriza o fenômeno esquizofrênico do prejuizo da capacidade de estabelecer relações conceituais.


Jargonofasia - O discurso se constitui de palavras articuladas corretamente, mas que não se combinam de forma lógica e estão misturadas com palavras neoformadas, resultando incompreensível. Revela incapacidade de elaborar os conceitos e de relacioná-los. Também pode ser denominada de salada de palavras, esquizofasia, esquizofrasia, grossolalia, acatafasia.

Pararrespostas - Quando o paciente responde a uma indagação com algo que não tem nada a ver com aquilo que lhe foi perguntado.


Logoclonia - Repetição mais ou menos constante de um som ou de uma sílaba durante a fala.




Alterações da linguagem escrita:

Disgrafia - Perturbação patológica da capacidade de escrever. Quando a disgrafia está de tal forma acentuada que há impossibilidade de escrever, denomina-se agrafia.


Observação:
  1. Algumas formas de disgrafia são resultantes de dislexia ou alexia - formas particulares de agnosias.
  2. A escrita em espelho é uma forma de disgrafia na qual o paciente escreve as letras e as palavras invertidas.
Graforréia - Quando o paciente escreve incessantemente, deixando palavras incompletas, sentenças sem sentido. É a dimensão gráfica da hiperpraxia (hiperatividade) e do taquipsiquismo. Corresponde na escrita à fuga de idéias da linguagem falada.

Jargonografia - è equivalente na linguagem escrita à jargonofasia. Consiste no uso de palavras grafadas corretamente, mas sem que o texto resulte compreensível por falta de articulação lógica do pensamento.


Tromografia - Escrita trêmula. Pode ser tão intensa que a escrita resulta ilegível.




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