segunda-feira, 26 de julho de 2010

ESTADO DA AFETIVIDADE:



Levanta informações sobre o estado de ânimo básico do paciente, do seu estado de ânimo atual, de sua emoções e sentimentos. A afetividade revela a sensibilidade interna da pessoa frente à satisfação ou frustração de suas necessidades.


Toda a atividade do organismo, de qualquer organismo, está fundamentalmente voltada para à satisfação de suas necessidades.


As necessidades conscientes se manifestam como desejos e as inconscientes como tendências.

NOTA:
  1. Não se ater a ocorrência do sintoma mas procurar estabelecer se há vínculo entre o estado afetivo do paciente e as circunstâncias de sua vida e sua maneira habitual de reação.
  2. Na descrição do sintoma, dê uma idéia de seu curso, se episódicos, fásicos ou processuais (a forma de evolução pode ser essencial para o diagnóstico diferencial).
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DAS PULSÕES INSTINTIVAS:

As alterações aqui estudadas serão registradas no ítem do exame mental referente à avaliação da conduta expontânea do paciente.


Apetência patológica - Designação geral para as perversões das pulsões instintivas, significando inclinação mórbida, predileção exagerada e doentia para algum objeto. Refere-se tanto à desproporção da apetência, quanto à inadequação do objeto. Refere-sae às perversões das necessidades biológicas e também das superiores.

OBSERVAÇÃO:

O sufixo filia é utilizado para denominar esta condição patológica:
EX: ..................filia

Inibição pulsional - debilitamento instintivo - Anomalia que se caracteriza por debilitamento ou insuficiência da energia das pulsões instintivas.


Perturbações da tendência natural de conservação da vida - Impulsos patológicos que dirigem as condutas suicidas, as automutilações e auto-agressões.


Manifestações dos impulsos auto destrutivos do paciente mais velados - desejos de "sumir", "desaparecer", "ir para bem longe" e outros análogos.


POTENCIAL SUICIDA:
(A síndrome pré-suicida)


FATORES INTERNOS:
  1. Restrição do campo da consciência e da afetividade
  2. Inibição da agressividade
  3. Fantasias de morte e auto-destruição
  4. Outros comportamentos expressivos do desejo de morte ou de fuga e refúgio na morte

FATORES CIRCUNSTANCIAIS: como a cultura do paciente encara o suicídio - fatores culturais

  1. O paciente vive ou trabalha em organizações facilitadora do comportamento suicida, como militares, médicos, estudante de medicina, auxiliares de enfermagem, enfermeiros, profissões marginais (institucionais)
  2. O paciente é idoso - fator idade
  3. O paciente é vítima de doença somática crônica ou muito dolorosas ou incapacitantes - ou vive em isolamento
  4. É adolescente ou jovem- do sexo feminino, principalmente -, mal-integradas no ambiente familiar, desajustados socialmente


POTENCIAL SUICIDA:
(Kielholz e colaboradores)

INDICAÇÕES DE POSSIBILIDADES:

  1. Suicídio na família ou no ambiente familiar próximo (o efeito da sugestão, devendo-se se destacar os suicídios de celebridades, os suicídios definidos pela mídia e os suicídios muito significativos para um certo grupo social.
  2. Tentativas anteriores - sobretudo nos casos de tentativas suicidas, com crescente violências.
  3. Manifestaçõesde idéias concretas acerca do modo de realização, atos preparatórios ou "tranquilidade sinistra".
  4. Sonho de auto-aniquilação, de precipitação de alturas ou de catástrofes.

CIRCUNSTÂNCIAS PATOLÓGICAS:

  1. Começo ou final de fases depressivas e estados mistos - chama a atenção para a importância de casos de "depressão sorridente", quando o paciente intenta dissimular seus propósitos.
  2. Atitude angustiada, agitada, com repressão de intensas cargas emocionais e agressivas.
  3. Épocas biológicas críticas (puberdade, gravidez, puerpério e climatério).
  4. Insônia rebelde.
  5. Doenças incuráveis ou delírio de enfermidades.
  6. Alcoolismo e dependência de tóxicos.

CIRCUNSTÂNCIAS DO MEIO AMBIENTE:

  1. Rotura dos vínculos familiares durante a infância
  2. Perda ou carência primária de contatos inter-pessoais- desenganos amorosos, isolamento, rechaço afetivo).
  3. Perda de colocação ou emprego, ausência de missões a cumprir e preocupações financeiras.
  4. Ausência de vinculação religiosa.


Perturbações da tendência natural do sono - insônia, disgripnia - sintomas muito comuns em um grande número de perturbações mórbidas do psiquismo:

  • Agripinia - ausência do sono
  • Dificuldade de adormecer - insônia inicial ou insônia de conciliação
  • Sono interrompido
  • Despertar precoce - insônia terminal
  • Hipersônia:
  1. Sonolência patológica
  2. Letargia - Estado de sono muito profundo e prolongado
  3. Hipersonia manifesta de maneira interativa e paraxística - paciente apresenta incoercível necessidade de dormir, por breves momentos, a intervalos variáveis, tendo que fazê-lo onde estiver - narcolepsia.

Pertubações da tendência natural da alimentação - Perturbarções mais significativas referentes aos hábitos alimentares e a pulsação instintiva da nutrição:



  • Paciente que come ou bebe em excesso - Apetência patológica que leva ao consumo exagerado de alimentos (sitiofilia, polifagia ou bulimia). A sede patológica é chamada polidpsia. A dipsomania é a tendência patológica que impulsiona o paciente, de forma incoercitível e paroxística, a consumir álcool.
  • Anorexia - abolição ou insuficiência de pulsão instintiva de alimentar-se - ou sitiofobia - recusa da alimentação por motivação psicógena (fobia, delírio, persistindo o apetite) - Alterações da conduta resultantes de uma patologia do impulso natural da nutrição que se revela pela diminuição significativa da ingestão de alimentos ou pela recusa de alimentar-se.
TIPOS DE ANOREXIA:

  1. Anorexia primária - quando seja a doença fundamental
  2. Anorexia secundária - aparecem como sintomas de outras enfermidades.
  3. Anorexia nervosa ou mental - é uma das primárias - a mais importante - restrição alimentar de progressão mais ou menos rápida, levando a perda significativa do peso corporal e ameaçandoa sobrevivência do paciente.
  4. Anorexia neurótica - é secundária e determinada pela angústia.
  5. Anorexia do recém-nascido e da primeira infância - ocorre antes do 8º mês de vida quando a criança está sendo desmamada. Inadaptação à alimentação artificial. Outras vezes constitui resposta à ansiedade ou agressividade maternas.
  6. Anorexia mental juvenil essencial - é a forma mais grave deste estado. Ocorre unicamente com meninas. Período etário dos 10 aos 13 anos e dos 16 aos 18 anos.
  7. Anorexia no adulto - determinada por uma patologia neurótica ou psicótica na qual predomine a depressão ou ansiedade, podendo ocorrer em paciente fóbicos, obssessivos, delirantes, histéricos ou hipocondríacos - predominância do sexo feminino.
  • Transtornos qualitativos que manifestam por aberrações ou perversões da alimentação
  1. Coprofagia ou escatofagia - apetência patológica que leva o paciente a ingerir sujeira ou excrementos.
  2. Urolagnia - deglutição da urina.

  • Mericismo - Regurgitação voluntária do bolo alimentar deglutido de volta à boca; à semelhança da ruminação a comida é mastigada por tempo indeterminado.

  • Bulimia inextinguível com vômito - Condição patológica na qual o paciente ingere o alimento, logo vomita-o e continua a se alimentar.

  • Pica - Ingestão de substâncias não alimentares - terra, argamassa,papel, carvão, cabelos, tecidos ou ainda a animais e plantas não utilizados pela sua cultura como alimentares, mesmo que o sejam por outrem. Uma forma mitigada de pica pode ser a ingestão de alimento demasiadamente condimentados, preparados de forma muito extravagante.

Perturbação da tendência de expansão motora - Perturbações do impulso de poder e do impulso agressivo.


PATOLOGIA DA PULSÃO AGRESSIVA:

Manifestações patológicas que se caracterizam por um exagero da agressividade:
  • Crueldade - Manifestação que se caracteriza pelo ato de infligir sofrimento a outrem ou indiferença diante do sofrimento alheio, por mais intenso que seja. A crueldade é um comportamento psicopático, mas constitui um comportamento trivial em certas condições sociais. A sociedade consumista, egoista, fundada na exploração propicia e estimula os comportamentos crueis. Em termos psicopatológicos, está relacionada com a indiferença afetiva.

  • Cólera patológica - Comportamento caracterizado por ira e violência. O estado de cólera pode transitar desde de discretas manifestações - com pequeno descontrole do comportamento, até crises muito intensas de fúria, com completo descontrole do comportamento e grande destrutividade. Sintomas histéricos e obsssessivos compulsivos são, muitas vezes, encobridores de cóleras inaceitáveis por quem as experimenta.

OBSERVAÇÃO:

A agressividade disfarçada, muitas vezes exterioriza-se sob a forma de sintomas psicossomáticos os mais variados. Sídromes de úlcera gastruduodenal, colítes hemorrágicas, hirpetensão arterial, espasmo coronário e inúmeras outras condições psicossomáticas são expressão de exteriorização da cólera inaparente.


  • Anagressividade - Condição patológica caracterizada pela ausência ou diminuição significativa da capacidade de enfrentar os obstáculos da vida cotidiana. Manifesta-se por comportamentos tímidos e está associada a hipobulia ou abulia. Pode apresentar-se das formas smais variadas de intensidades, desde de discreta dificuldade de manifestar sua opinião em público ou diante de estranhos, até a total incapacidade de defrontar qualquer obstáculo existencial, denominado neurose de fracasso, quando o paciente se sente e se comporta como uma pessoa inteiramente incapaz.

Manifestações patológicas caracterizadas por uma perversão da agressividade normal:

  • Sadomasoquismo - Erotização patológica da agressividade. Consiste em encontrar o prazer sexual no sofrimento infligido a outrem (no sadismo) ou no próprio sofrimento (o masoquismo). O sadomasoquismo é uma perturbação da sexualidade. Aqui convém ressaltar que o sadomasoquismo, enquanto sinal de anormalidade, diferencia-se apenas em grau de comportamentos e fantasias sexuais que podem ser consideradas normais.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE!

A valorização das alterações da agressividade deverá levar sem conta alguns aspectos, tais como a idade do paciente, as circunstâncias em que se deu o fato, as condições físicas e emocionais de quem experimentou a vivência, destacando-se o seu estado de consciência e, objetivamente, o grau de controle do seu comportamento.


Perturbações da tendência sexual - As manifestações do impulso sexual, decorrência da tendência primitiva de reproduzir, podem estar perturbadas em numerosas condições mórbidas.

OBSERVAÇÃO:

É impossivel diferenciar com precisão as manifestações instintivo-sexuais (integrantes da herança biológica) das tendências superiores (determinada pela evolução da experiência histórico-social). Para efeitos práticos, tentamos aqui uma diferenciação conceitual separando as condutas que expressam a satisfação das necessidades biológicas - as tendências sexuais, daquelas que busquem a satisfação das necessidades superiores - as tendências eróticas e de ternura.


PRINCIPAIS PERTURBAÇÕES DA TENDÊNCIA SEXUAL:

  • Recusa de reproduzir - Aqui considerada, não como expressão da vontade, exercício da liberdade e na dependência das circusntâncias existenciais, mas como conduta motivada patológicamente.

  • Impotência - Impossibilidade de ereção que impede o coito - impotência ceundi - impossibiidade de copular.

  • Frigidez - Ausência da excitação sexual e/ou orgasmo na mulher. O orgasmo está sempre ausente, podendo haver ou não excitação. Este sintoma é sempre agravado por ansiedade secundária, principalmente quando há uma forte excitação que se extingue antes que a paciente atinja a satisfação orgástica.
ATENÇÃO!

  1. Não se deve diagnosticar frigidez antes de dois anosde atividade sexual regular sem orgasmo. É comum e normal que as mulheres levem algum tempo de atividade sexual regular para que passem a experimentar o orgasmo.
  2. Diversas condições pessoais (traços de personalidade, preconceitos, rigidez de educação) ou circunstânciais (lugar da relação, possibilidade de interrupção, fidelidade subjetiva a outro parceiro, condições que induzam à culpa ou vergonha) podem atuar de modo a impedir ou retardar o sugimento do orgasmo. Em alguns casos a ansiedade obsssessiva pelo orgasmo é fruto de uma desmedida publicidade, que dificulta ou impede o seu advento.
  3. A frigidez com excitação é sintoma comum de mulheres histéricas e está muitas vezes associado à comportamento sedutor e impudente.
  4. Em pessoas imaturas ou sugestionáveis, e ainda face a grande pressão cultural é possível que a frigidez ocorra na síndrome de menopausa e seguindo-se a cirurgias ginecológicas (como a laqueadura das trompas de falópio), quando não existe suficiente preparo do profissional médico assistente.

  • Ejaculação precoce - Orgasmo masculino excessivamente rápido que dificulta ou impossibilita a satisfação da parceira (pode ocorrer nos estados de excitação ou após períodos prolongados de abstinência sexual).

  • Homossexualismo - Conduta resultante da inversão do impulso sexual que se dirige exclusivamente ou predominantemente para pessoa do mesmo sexo.

  • Homossexualidade - É o comportamento sexual com parceiro do mesmo sexo. O impulso homossexual anômalo deve ser distinguido das idéias fóbicas e obssessividade de temática homossexual.

Condições mórbidas que expressam, pelo menos em parte, perturbações da instintividade sexual:

  1. Sadismo
  2. Masoquismo
  3. Exibicionismo
  4. Transtorno de identidade psicosexual
  5. Abstinência sexual patológica
  6. Pedofilia
  7. Mixoscopia (voyerismo)
  8. Necrofilia
  9. Bestialidade
  10. Autoerotismo

Perturbações da tendência de higiene corporal - Revelam-se na sujicidade e outra auterações dos hábitos de higiene, quando não podem ser explicados pelas circunstâncias da vida, impostos pelas cotingências ou por condicionamentos sócio-culturais.
  • Gatismo - Estado de sordidez em que vivem certos doentes esquizofrêncicos, dementes ou deficientes mentais muito prejudicados que apresentam incontinência fecal e/ou urinária.

ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA EXTERIORIZAÇÃO DAS NECESSIDADES SUPERIORES:

Originadas das necessidades naturais e surgidas, no curso do progresso evolutivo da espécie como decorrência tanto do potencial evolutivo biológico, quanto das condiçõoes da prática histórico-social.


Egoismo - Incapacidade de amar senão a si mesmo.




Imediatismo - Tendência a exercer condutas com absoluta despreocupação com as consequências imediatas - o indivíduo é capaz de criar graves problemas no futuro para solucionar situações imediatas.


Promiscuidade - Relacionamento sexual sem base afetiva.



NOTA:

Estas três condições acima referidas, embora formalmente reconhecidas como anômalas e traços de comportamentos patológicos (caracterizando sociopatias), podem ser induzidas poderosamente pela prática social. E uma vez que podem ser, e o são, condicionados pelo modelo socio-econômico vigente, é necessária muita cautela quando se pretender sua utlização como elementos do diagnóstico.



PATOLOGIAS DAS TENDÊNCIAS DE POSSE:


Colecionismo - Acumulação seletiva de objetos proporcionada por uma motivação patológica - diferencia da coleciomania que é uma manifestação obssessivo-compulsiva.


Avareza - Tendência dominante a conduzir-se de forma a ganhar e acumular dinheiro, objetos de valor e símbolos de riqueza, que se torna o motivo mais importante da atividade pessoal e da conduta social.


Dissipação e prodigalidade - Conduta impulsionada pela tendência ao esbanjamento, a gastar muito além das próprias possibilidades; desperdício patológico; generosidade para além do normal no marco sócio-cultural, com sacrifício das próprias necessidades. Uma forma particular de prodigalidade é a tendência de aquisição de objetos valiosos e inúteis, raros e luxuosos, de valor acima de suas possibilidades, destinados a provocar admiração e inveja nos demais. A prodigalidade pode ocorrer como manifestação neurótica, quando deve ser diferenciada das idéias obssessivas e das condutas compulsivas. O comportamento da prodigalidade tem como característica sua fatuidade, futilidade e inutilidade e, acima de tudo, seu caráter sistemático e repetitivo.



Cleptomania - Impulso patológico para roubar. O roubo patológico reúne elementos de alteração mórbida da satisfação das necessidades superiores (como o colecionismo) e de compulsão, predominando esta ou aquela nos casos clínicos específicos. É uma ocorrência normal na infância antes de completado o processo de socialização. Não deve ser confundido o impulso patológico para roubar com o roubo consciente e organizado que é destituido de significado mórbido. Na cleptomania compulsiva, via de regra, o objeto não tem valor algum para quem o subtrai e o impulso patológico está sempre acompanhado do conflito angustioso. No impulso patológico para roubar o afã de possuir o objeto é tão intenso que o paciente não recua diante de apropriar-se dele por meio fraudulentos ou roubando-o.



Vagabundagem - A vagabundagem patológica pode ser definida como uma condição de marginalidade social condicionada morbidamente e que se caracteriza pela ausência de domicílio certo e de trabalho habitual. É possível que em certa condições o indivíduo escolha voluntariamente uma conduta marginal em relação ao sistema social vigente; se bem que esta prática possa permitir o encobrimento de casos patológicos. Também é necessário ter presente que em países subdesenvolvidos, enorme contingente de população é marginalizado pelo sistema social injusto e incapaz de garantir condições humanas de existência e trabalho para todos.


Atimormia - Déficit fundamental do impulso vital, do interesse e da afetividade. Refere-se a uma carência fundamental da energia psíquica que, embora se refira à energia propulsora da satisfação das necessidades básicas, influi em todo o comportamento e repercussão interior do processo de satisfação das necessidades do indivíduo. O conceito de atimormia se confunde com o de inibição afetiva e de debilitamento instintivo.




Narcisismo - Predominio do impulso erótico voltado para si mesmo. Este conceito também tem uma dupla significação: envolve tanto pulsões primárias quanto secundárias (as eróticas).



Hedonismo - Como traço patológico resulta da busca do prazer e na evazão ao desprazer a todo custo. É resultado do egocentrismo e do imediatismo e, portanto, o indivíduo busca a satisfação própria descurando-se de sua responsabilidade socsial e das necessidades alheias. Na maioria das vezes a conduta resultante do hedonismo, aparentemente patológica, é induzida pelas condições da existência social, daí a necessidade de se ter cautela ao utilizar essa categoria como elemento de diagnóstico psiquiátrico.



ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DO HUMOR:


Refere-se tanto às perturbações do humor de base, quanto às perturbações mais ou menos transitórias do estado anímico.


Distimia - Designação utilizada para referir alteração do humor, quer se processe no sentido da exaltação, quer da inibisção:

  • Distimia hipotímica - distimia melancólica ou distimia depressiva - Rebaixamento patológico do humor - a tristeza patológica.

  • Distimia hipertímica - distimia expansiva ou distimia eufórica - Alegria mórbida - exaltação patológica do humor.




Disforia - Distimia que se acompanha de uma tonalidade afetiva desgradável de mal humor, amargura, irritabilidade, desgosto ou agressividade. A disforia é hipotímica quando o humor está inibido; a disforia é hipertímica quando o humor é exaltado.



Hipertimia - distimia hipertímica - elação - Exaltação patológica do humor; alegria patológica, imotivada e inadequada.


Formas de manifestação:

  1. Hipertimia disfórica - ou hipotimia - ou disforia hipertímica conforme o sintoma dominante - acompanhada de irritabilidade e outros sentimentos desagradáveis.
  2. Exaltação afetiva patológica - quando acompanhada (associada) à idéias sobre valoradas ou a juizos delirantes de grandeza de caráter auto-referentes.
  3. Euforia patológica - No caso de ocorrer a simples exaltação do humor, a alegria mórbida.


Moria - É como se denomina a alegria estúpida dos deficientes mentais graves, dos quadros demenciais e das afecções severas do lobo frontal.


OBSERVAÇÃO:
A alegria normal, adequada, normalmente motivada e naturalmente expressa, qualquer que seja sua duração ou intensidade não deve ser chamada de hipertimia.



Hipotimia - tristeza patológica - O que distingue a tristeza (fenômeno normal) da hipotimia (núcleo tímico do quadro depressivo) não é a intensidade e nem a duração, mas sua adequação situacional e a normalidade de sua correlação aos seus motivos internos e externos.


ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DAS EMOÇÕES E DOS SENTIMENTOS:




Ansiedade - Pode ser definida como tensão expectante. Caracteriza-a: uma tonalidade afetiva que transita um certo grau de apreensão até extrema aflição; certeza de perigo iminente mas indeterminado; atitude interior de insegurança, de desvalimento, de impotência, de iminente aniquilamento e desorganização interna, em graus variáveis de intensidade. Esta sempre acompanhada de um certo grau de hipercinesia que pode ir da simples inquietação psicomotora até graus extremos de agitação.




Angústia - Quando a aflição, inquietação interna e externa, estão acompanhadas do sentimento de prostração, de incapacidade, de desorganização, de vulnerabilidade e de impotência. Logo, trata-se apenas de manifestações psíquicas. Quando acompanhadas de sintomas somáticos estamos diante dos problemas neurovegetativos ou sensações de constrição. O cortejo de sintomas somáticos da angústia é muito grande; numerosas alterações corporais podem ser forma de expressão da angústia. Tais manifestações corporais podem dominar o quadro clínico e simular uma doença somática. Este conhecimento fundamenta a explicação atual das enfermidades psicossomáticas.


MANIFESTAÇÕES CORPORAIS DA ANGÚSTIA:
  • A aparência:
  1. Mímica triste
  2. Olhar mortiço, apagado
  3. Postura derreada
  4. Inquietude, insegurança - "os assustados"
  5. Tremores, sudorese e hipersalivação
  6. Movimentos inseguros e voz embargada - caracteristicas que se assemelham às dos pacientes deprimidos
  7. As pupilas estão dilatadas nos grandes estados emocionais
  8. Certo grau de hipertonia tendinosa

  • No aparelho cardiovascular:
  1. Taquicardia ou bradicardia
  2. Precordialgias de variados tipos, espasmos coronários e síndromes anginóides
  3. Hipotensão ou hipertensão arterial - esta quase sempre ás custas do aumento mais significativo da pressão sistólica

  • No aparelho disgestivo:
  1. Anorexia ou, ao contrário, bulimia
  2. Diarréia ou constipação intestinal
  3. Eructação, flatulência e espasmos do cárdia
  4. Náusea e vômitos
  5. Gastralgias, cólicas intestinais ou biliares


  • No aparelho respiratório:
  1. Dispnéia
  2. Tosse
  3. Pigarro
  4. Crises asmáticas


  • No aparelho genituritário:
  1. Poliúria, retenção urinária, cólica renal
  2. Frigidez, impotência, dispareunia, vaginismo
  3. Dismenorréia, amenorréia, interrupção e irregularidade do ciclo ou fluxo mestrual


  • Sistema osteo-articular:
  1. Lombalgia, mialgia, artralgia e cãimbras
  2. Paciente se queixa de dores generalizadas "pelo corpo inteiro" - consequência da hipertonia muscular
  3. Discenestesias dolorosas constrictivas (daí a denominação de angor=aperto) da cabeça, do pescoço, do pré-córdio, do abdome ou dos membros


  • Na pele e fâneros:
  1. Alopécias - queda dos pelos
  2. Dermatoses - as "neurodermites"
  3. Petéquias e equimoses espontâneas - principalmente das coxas e braços
  4. Palidez ou rubor
Hiperestesia emocional - Exagero na reatividade afetiva; a reação afetiva é desmedida e desproporcional em relação ás suas motivações internas e/ou externas.



Apatia - indiferença afetiva



Condições diferentes:

  • Insensibilidade e frieza afetiva dos psicopatas - inafetividade, amoralidade, moral insanity, anetopatia
  • Embotamento afetivo dos esquizofrênicos
  • Deterioração afetivas dos pacientes demenciais
  • Pobreza ou estupidez afetiva dos deficientes mentais
  • Desinteresse afetivo dos neuróticos
  • Desalento afetivo dos deprimidos



Paratimia - Discordância afetiva, dissociação afetiva. Trata-se da incordenação entre sentimentos, o pensamento e a atividade que caracteriza a esquizofrenia.



Neotimia - Irrupção de sentimentos novos que são sentidos como estranhos à pessoa que os experimenta.


Formas particulares de neotimias:

  • Fobia - Medo patológico; com objeto específico e definido conscientemente, dando-se conta da inadequação de sua resposta afetiva, mas não pode inibi-la, podendo chegar ao pânico.

Formas de fobia muito comuns na prática clínica:


Fobias de aversão:
  1. De voar de avião
  2. De automóveis
  3. De acidentes
  4. De guerra atômica
  5. De empobrecer
  6. De poluição
  7. De lugares fechados - clautrofobia
  8. De espaços livres - agorafobias
  9. De tempestades - chemofobia
  10. De raios - astrapefobia
  11. De trovões - brontofobia
  12. De doenças - nosofobia
  13. De micróbios - bacilofobia
  14. De ratos - musofobia
  15. De gatos - gelofobia
  16. De lugares altos - acrofobia

Fobias de impulsão: Referem-se ao temor patológico de fazer as coisas

  1. De matar
  2. Furtar
  3. Cometer atos vergonhosos ou odiosos como atentar contra o pudor alheio, delatar]

Outras fobias:

  1. Aerofobias - de corrente de ar
  2. Aiguofobia - de objetos ponteagudos
  3. Algofobia - de sentir dor
  4. Androfobia - de homens
  5. Anemofobia - do vento
  6. Antrofobia - de seres humanos
  7. Apopatofobia - de defecar involuntariamente
  8. Autodisosmofobia - de exalar mal cheiro
  9. Basiofobia - de cair - o que pode provocar falsas vertigens
  10. Basofobia - de ter que andar
  11. Cardiofobia - de doenças cardíacas
  12. Dismorfobia ou anamorfobia - de deformidades
  13. Eritrofobia - de enrubescer, ruborizar em público
  14. Geofobia - da terra
  15. Ginecofobia -de mulheres
  16. Gonofobia - de gonorréia
  17. Grafofobia - de textos escritos, da responsabilidade do que escreve
  18. Hematofobia - de sangue
  19. Hialofobia - de vidro
  20. Hidrofobia - de água
  21. Hipnofobia - do sono
  22. Histerofobia - de histeria de neurose
  23. Icofobia - de permanecer em casa
  24. Ictiofobia - de peixes
  25. Iofobia - de veneno
  26. lisofobia - sde raiva
  27. Manifobia - da loucura
  28. Metalofobia - de metais
  29. Misofobia - de contato social
  30. Nictalofobia - da noite
  31. Oclofobia - de multidões
  32. Osofobias - de montanhas
  33. Potamofobia - de rios
  34. Quenanfobia - da obscuridade
  35. Quenofobia - do vazio
  36. Sifilifobia - de sífilis
  37. Tanatofobia - da morte
  38. Tisiofobia - da turbeculose
  39. Zoofobia - de animais
  40. Sitiofobia - recusa fóbica de alimentos


  • Ambivalência afetiva - Termo criado por Breuer para designar a simultaneidade de sentimentos opostos em relação a um mesmo objeto. Exterioriza a dissociação intrapsíquica. Não deve ser confundida com o conflito de sentimentos dos pacientes neuróticos; estes conservam a consciência da inadequação e mantém a coerência com os motivos antagônicos dessas manifestações afetivas.

  • Obssessões afetivas - Emoções ou sentimentos desagradáveis que se impõem ao paciente. É o correspondente afetivo das idéias, atitudes e atos obssessivos.

  • Irritabilidade patológica - Predisposição afetiva para sentimentos desagradáveis como raiva, desgosto, mal estar, mal humor; o paciente apresenta grande propensão às reações coléricas ou de agressividade. Fundamenta comportamentos que vão desde discreta impaciência e mal-humor, variados graus de agressividade até as reações coléricas em curto-circuito (quando o paciente atua com extrema violência contra si mesmo ou contra outrem, revelando enorme desproporção entre a resposta e a motivação).

Tenacidade afetiva - É o componente afetivo da perseveração. Consiste na persistência de sentimentos desagradáveis que tendem a continuarem na consciência, uma vez surgidos adequadamente.




Labilidade afetiva -Também denominada volubilidade afetiva, instabilidade afetiva ou metamímia. Reside na mudança rápida e imotivada das emoções e sentimentos dominantes na consnciência. É muito comum que se acompanhe de incontinência afetiva.



Incontinencia afetiva - incontinência emocional ou emotividade patológica - Consiste na dificuldade ou impossibilidade experimentada pelo paciente de controlar a expressão, quase sempre exagerada, de seus conteúdos emocionais.




Sugestibilidade afetiva - É a dimensão afetiva de uma alteração fundamentalmente volitiva. Consiste na dificuldade ou impossibilidade de resistir às sugestões afetivas do exterior.




Regressão afetiva - Tendência a apresntar condutas afetivas e padrões de resistência às frustrações característicos de épocas anteriores de sua experiência pessoal - também se denomina puerilismo afetivo.




Pavor noturno -Crises de pavor manifestadas sobretudo por crianças durante o sono; o paciente senta-se o salta da cama, corre em pânico pelo aposento, tendo dificuldades de reconhecer os circunstantes (mesmo os pais), chora convulsivamente e vai reassumindo mais ou menos lentamente a normalidade.


BIBLIOGRAFIA:


  1. PIRES, N.: "La Psicosomática" - Ed. Paz Montalvo - Madri - 1975..
  2. PIRES, N.: "Senti-se Doente - o Desmantelamento Homesostático da Clínica Prática" - Ed. Olímpica - Rio - 1981.
  3. PIRES, N.: "Personalidades Psicopáticas" - Ed. Marcelo - Rio - 1981.
  4. ROJAS, N: "Estudo sobre el suicídio" - Ed. Salvat - Barcelona - 1978.
  5. SCHINEIDER, K: "Las Personalidades Psicopáticas" Ed. Morata - Madri - 1972.
  6. UCHÔA, D. M.: "Psiquiatria e Psicanálise" - Ed. Sarvier - São Paulo - 1968.
  7. UCHÔA, D. M.: "Estudos de Psiquiatria Dinâmica" - Ed. Atheneu - São Paulo - 1979.
  8. YATES, A. J.: "Frustración y conflito" - Taller Ediciones JB - Madri - 1975.

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